A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA

Vítor Viana
Nascimento: 23/12/1881
Morte:21/08/1937

Vítor Viana

Os portugueses já eram mestres em colonização moderna quando colonizaram o Brasil. Na Madeira e no Cabo Verde já se plantava a cana-de-açúcar com o auxílio do trabalho escravo. O negro já era o grande colaborador, era mesmo conduzido para a Metrópole para ajudar na labuta agrícola e urbana. Os heróis da expulsão e domínio dos árabes aprenderam com os vencidos a arte de ir buscar na costa da África os negros para a escravidão.
Era um trabalho penoso, mas lucrativo.
A cana-de-açúcar dava lucros fabulosos. Era uma riqueza mais segura do que a do próprio comércio. Entretanto, o colono europeu não só não se adaptava facilmente à nova cultura, como não poderia sozinho abranger toda a extensão de suas terras. Obter a multiplicação de seu esforço pelo aproveitamento do trabalho escravo era a solução.
Em toda a Europa ainda havia servos quando lusitanos começaram a expandir os seus domínios. Na África, passavam a escravos os cristãos vencidos e na península os mouros e marroquinos, capturados nas conquistas de além-mar e nas guerras de corso, tinham sido também escravos.
A noção do poder de vencedor sobre o vencido era bem diferente da de hoje e assim era natural que, vencendo as tribos da Costa da África, os portugueses, seguindo o exemplo dos árabes, quisessem fazer o tráfico dos escravos.
Era um negócio lucrativo, deduzido das conquistas, das concepções da época e dos costumes africanos. Os negros eram escravos uns dos outros e naturalmente se sujeitavam à sua desgraça como uma fatalidade histórica.
Os seus chefes tinham consciência da humilhação política que isso representava. Mas justamente porque havia essa noção havia disciplina. Os cativos vinham talvez com a esperança de uma represália de seus patrícios. Mas considerando-se prisioneiros de guerra, não se revoltavam senão por exceção e eram pacíficos e obedientes.
Nos meados do século XV já se fazia o resgate entre os reis ou os negociantes árabes e os portugueses. Os ensaios da exploração do trabalho negro na Madeira, nos Açores, em Cabo Verde e em S. Tomé já tinham dado bons resultados. Assim, estava indicado aos americanos o aproveitamento do sistema.
As colônias eram poucas. As metrópoles não tinham recursos de população para garantir o trabalho nas terras conquistadas.
Na Costa da África as nações negras ofereciam um excelente material humano, de acordo com as concepções do tempo e do meio. Os próprios régulos vencidos entregavam como indenização de guerra multidões de antigos súditos.
O deslocamento do tráfego dos escravos para a América foi, portanto, uma conseqüência da situação anterior na Europa e na África.

Fonte: ABL

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