Soneto à lua

Lua Branca, como é terrível tua face
No céu escancarada, a se mostrar aos homens
Ó astro fluorescente, a espiar as mazelas
Surgidas cá em baixo, ao toque das espumas.
Mulher, ó dulçorosa, o mar te espelha tímida
Mente, corça da noite, ó tu, lua fremente
Que navegas ao léu, sem bússola nem norte
Lua branca, vergel, perdida nas alturas.
Continente de gelo, o sangue tu derramas
De virgens sem fanal, ao jeito das marés
Que sacodem meu barco a dois passos da terra
Não te deténs, ó lua, e indiferente estás
A brisa que se espalha, terna como carícia
ou aos ventos tão febris, que acordam as

Antônio Girão Barroso