SAUDADE

Belos amores perdidos,
Muito fiz eu com perder-vos;
Deixar-vos, sim: esquecer-vos
Fôra de mais, não o fiz.

Tudo se arranca do seio,
— Amor, dezejo, esperança...
Só não se arranca a lembrança
De quando se foi feliz.

Rozeira cheia de rozas,
Rozeira cheia de espinhos,
Que eu deixei pelos caminhos,
Aberta em flor, e aprti:

Por me não perder, perdi-te;
Mas mal posso assegurar-me
— Com te perder e ganhar-me
Si ganhei, ou si perdi...

Vicente de Carvalho