Que vive sem sorte, sem terra e sem lar,A tua desdita é tristonho que canto,Se escuto o meu pranto me ponho a chorarÉs rude e cativo, não tens liberdade.A roça é teu mundo e também tua escola.Teu braço é a mola que move a cidadeDe dia na roça de enxada na mãoJulgando que Deus é um pai vingativo,Não vês o motivo da tua opressãoDe dores e trevas debaixo da cruzE as crides constantes, quais sinas e espadasSão penas mandadas por nosso JesusUm pobre inocente no banco do réu.Caboclo não guarda contigo esta crençaA tua sentença não parte do céu.Não faz neste mundo teu fardo infelizAs tuas desgraças com tua desordemNão nascem das ordens do eterno juizO sol do seu brilho jamais te negouPorém os ingratos, com ódio e com guerra,Tomaram-te a terra que Deus te entregouDe dia na roça , de enxada na mãoCaboclo roceiro, sem lar , sem abrigo,Tu és meu amigo, tu és meu irmão.Patativa do Assaré