Não receio que partas para longe,Que faças por fugir, por te livraresDa força da minha vozE da compreensão do meu olhar.Não temo que os mares te levemNo bojo dos transatlânticosNem tampouco me amedrontaQue em possantes aviõesNo céu e na terra,Em todos os seres me encontrarásCortes espaços sem conta.Serena ficarei se disseresQue na certa me olvidarásNo ventre da mata virgem,Nas areias dos desertosOu no amor de outras mulheres que terás.Não importa.Nada temo e desejo mesmo que o façasPara que saibas o quanto estou em teus sentidosE que a minha forma, o meu espíritoJamais da tua existência passa.Se fugires pelos maresTu me veras na espuma leve da onda,Me sentiras no colorido de um peixeE a minha voz escutaras dentro de uma concha.Se partires pelos ares,Certamente na brancura de uma nuvemTu sentirás a maciez e a alvuraDas minhas carnes.Se fores para a florestaHás de me verNa árvore mais florida e harmoniosaAtravessando areias cálidas do deserto.Sei que trocarias o lenitivo de um oásisPela certeza de me teres perto.E nas mulheres que encontrares,Dos seios o perfume, das nucas a palidez,Das ancas as curvasE das peles a cor e a tepidez,Fica certo, não te evadirás.Porque desde a tua sombraAo teu mais rápido pensamentoNão serás livre de mimNum um momento.Adalgisa Nery