As flô de Puxinanã
(Paródia de As “Flô de Gerematáia” de Napoleão menezes) Três muié ou três irmã, três cachôrra da mulesta, eu vi num dia de festa, no lugar Puxinanã. A mais véia, a mais ribusta era mermo uma tentação! mimosa flô do sertão que o povo chamava Ogusta. A segunda, a Guléimina, tinha uns ói qui ô! mardição! Matava quarqué critão os oiá déssa minina. Os ói dela paricia duas istrêla tremendo, se apagando e se acendendo em noite de ventania. A tercêra, era Maroca. Cum um cóipo muito má feito. Mas porém, tinha nos peito dois cuscús de mandioca. Dois cuscús, qui, prú capricho, quando ela passou pru eu, minhas venta se acendeu cum o chêro vindo dos bicho. Eu inté, me atrapaiava, sem sabê das três irmã qui ei vi im Puxinanã, qual era a qui mi agradava. Inscuiendo a minha cruz prá sair desse imbaraço, desejei, morrê nos braços, da dona dos dois cuscús!
---------------------------------------------------------------
IMAGE DE CAMPINA Ante o RETRATO DE CAMPINA GRANDE, de Eudes Barros Campina Grande, Campina Vou dizê sem pabuláge O qui tu tem de belêza, O qui piçúes de grandeza. Im redó da tua imáge. Sois a porta de entrada Dos sertanejo de riba, Sois a “Cidade argudão”, A rainha dos sertão, Orgúio da Parahiba. Sois a cidade feitiço Dos fio das outras terra, Qui aqui vem fazê morada, Levando a vida forgada, Na vida qui tu inserra. Sois a cidade “faloprada” Sois a cidade sustança! Riúna dez cidadinha, Qui tu Campina, sosinha Pesa mais numa balança. Campina Grande, Campina, Sais a cidade “Pae D’égua” Dos sobrado dos ricaço, Dos “Bangalbu”, dos palaço Das rua de meia legua! Campina Grande, Campina O teu comerço famôso Faz a gente se alembrá Das coisa discumuná Das istora de trancôso. Sois a cidade ingraçada Das briga de fim de fêra, Mode um cachimbo de fumo Um bêbo fora de prumo Barre mão da “lambedêra. E lá vai faca pra riba! Arreda pra lá mundiça Qui eu hoje tou é danado! Dipressa chega o sordado Leva o bêbo pra puliça. Sois a cidade infeitada Na festa da Cunceição, Na festa da Padruêra Onde se vê “beradêra” Bunita qui só o cão! Sois branca cumo a Sodade Irmã da rescordação, Quando a rua das Areia Tá intupida, tá cheia, Só de saca de argudão Sois verde cumo a Isperança Essa grande arcuvitêra Quando o verde das verdura Enche as ruas cum fartura Nos banco das verdurêra! Duvido, Campina Grande, Tê cidade qui se afôite A tê noite cumo as tua Quando o arfange da lua Corta a mantía da noite! Purisso, Campina Grande, Tu sois a grande cidade, Sois a cidade maluca Onde armei minha arapuca Prá pegá Filicidade!.. --------------------------------------------------------------- A CACIMBA Tá vendo aquela cacimba Lá na bêra do riacho, Im riba da ribancêra, Qui fica, assim, pru dibaxo De um pé de tamarinêra? Pois, um magote de môça Quage toda menhanzinha, Foima, assim, aquela tuia, Na bêra da cacimbinha Tomando banho de cuia! Eu não sei pru quê razão, As águas dessa nacente, As águas qui alí se vê, Tem um gosto deferente Das cacimba de bêbê… As águas da cacimbinha Tem um gôsto mais mió. Nem sargada, nem insôça… Tem um gostim do suó Dos suvaco déssas môça… Quando eu vejo essa cacimba, Qui inspio a minha cara E a cara torno a inspiá, Naquelas águas quilara, Pego logo a desejá… …Desejo, pra que negá? Desejo ser um caçote, Cum dois óio desse tamanho! Pra vê, aquele magóte De môça tumando banho! |
Ai! Se sêsse!...
Se um dia nós se gostasse; Se um dia nós se queresse; Se nós dos se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse! Se juntinho nós dois morasse Se juntinho nós dois drumisse; Se juntinho nós dois morresse! Se pro céu nós assubisse? Mas porém, se acontecesse qui São Pêdo não abrisse as portas do céu e fosse, te dizê quarqué toulíce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, prá qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do céu furasse?... Tarvez qui nós dois ficasse tarvez qui nós dois caísse e o céu furado arriasse e as virge tôdas fugisse!!!
---------------------------------------------------------------
A TERRA CAIU NO CHÃO
Visitando o meu sertão Que tanta grandeza encerra, Trouxe um punhado de terra Com a maior satisfação. Fiz isso na intenção, Como fez Pedro Segundo, De quando eu deixasse o mundo Levá-lo no meu caixão. Chegando ao Rio, pensei Guardá-lo só para mim E num saquinho de brim Essa relíquia encerrei! Com carinho e com cuidado Numa ripa do telhado, O saquinho pendurei… Uma doença apanhei E vendo bem próxima a morte Lembrando as terras do norte Do saquinho me lembrei. Que cruel desilusão! As traças, sem coração Meterem os dentes no saco, Fizeram um grande buraco E a terra caiu no chão.
---------------------------------------------------------------
SERTÃO EM CARNE E OSSO
No romper das alvorada, Quando alegre a passarada Se desmancha em cantoria, Anunciando ao sertão A sua ressurreição No despontar de outro dia! Nos galho das baraúna Os magote de graúna Quando o seu canto desata, Parece uns vigário véio Cantando o santo evangéio Na igreja verde da mata! Canta nas tarde morena Quando o sol vai descambando, Se despedindo da terra, Beijando a crista da serra, Deixando o céu tão bonito, Que o sol redondo e vermêio Parece, mal comparando, Um grande chapéu de couro Na cabeça do infinito!
---------------------------------------------------------------
BRASI CABOCO
O qui é Brasí Caboco? É um Brasi diferente do Brasí das capitá. É um Brasi brasilêro, sem mistura de instrangero, um Brasi nacioná! É o Brasi qui não veste liforme de gazimira, camisa de peito duro, com butuadura de ouro… Brasi caboco só veste, camisa grossa de lista, carça de brim da “polista” gibão e chapéu de coro! Brasi caboco num come assentado nos banquete, misturado cum os home de casaca e anelão… Brasi caboco só come o bode seco, o feijão, e as veiz uma panelada, um pirão de carne verde, nos dias da inleição quando vai servi de iscada prus home de posição. Brasi caboco num sabe falá ingrês nem francês, munto meno o português qui os outros fala imprestado… Brasi caboco num inscreve; munto má assina o nome pra votar pru mode os home Sê gunverno e diputado Mas porém. Brasi caboco, é um Brasi brasileiro, sem mistura de instrangero Um Brasi nacioná! É o Brasi sertanejo dos coco, das imbolada, dos samba, dos vialejo, zabumba e caracaxá! É o Brasi das vaquejada, do aboio dos vaquero, do arranco das boiada nos fechado ou tabulero! É o Brasi das caboca qui tem os óio feiticero, qui tem a boca incarnada, como fruta de cardoro quando ela nasce alejada! É o Brasi das promessa nas noite de São João! dos carro de boi cantano pela boca dos cocão. É o Brasi das caboca qui cum sabença gunverna, vinte e cinco pá-de-birro cum a munfada entre as perna! Brasi das briga de galo! do jogo de “sôco-tôco”! É o Brasi dos caboco amansadô de cavalo! É o Brasi dos cantadô, desses caboco afamado, qui nos verso improvisado, sirrindo, cantáro o amô; cantando choraro as mágua: Brasi de Pelino Guedes, de Inácio da Catingueira, de Umbelino do Texera e Romano de Mãe-d’água! É o Brasi das caboca, qui de noite se dibruça, machucando o peito virge no batente das jinela… Vendo, os caboco pachola qui geme, chora e soluça nas cordas de uma viola, ruendo paxão pru ela! É esse o Brasi caboco. Um Brasi bem brasilero, sem mistura de instrangêro Um Brasi nacioná! Brasi, qui foi, eu tô certo argum dia discuberto, pru Pêdo Arves Cabrá. |
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------