Soneto II

Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado;
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio: 

Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.

Turvo banhando as pálidas areias 
Nas porções do riquíssimo tesouro 
O vasto campo da ambição recreias.

Que de seus raios o planeta louro 
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
 Cláudio Manuel da Costa