Verdes
bandejas de ágata, meus olhos amarelos
caminham
para mim pela milésima vez
enquanto
estou cercado por brancos azulejos
e
amparado por uma toalha de quadros.
No
útero deste bar vou me elevando
e
saio da noite cheia de ruídos
para
a manhã do mar
onde
tudo é sal, impossível alquimia
disfarçada
num domingo
Amável,
esta
manhã me aturde, manhã de equívocos
onde
um sábado moribundo se entrega sem rancor.
Meu
sábado, belíssima ave negra de olho aceso,
cai
nas muralhas do sol como um herói melancólico
enquanto
o mar abre o sorriso de dentes brancos
lavados
na areia alvura.
Caminho
para o sol que me atrai
mecanicamente:
-
Vou te decifrar,
domingo;
diante
de mim tua esfinge se enche de pudor.
quando
a geração de meu pai
batia
na minha
a
minha achava que era normal
que
a geração de cima
só
podia educar a de baixo
batendo
quando
a minha geração batia na de vocês
ainda
não sabia que estava errado
mas
a geração de vocês já sabia
e
cresceu odiando a geração de cima
aí
chegou esta hora
em
que todas as gerações já sabem de tudo
e
é péssimo
ter
pertencido à geração do meio
tendo
errado quando apanhou da de cima
e
errado quando bateu na de baixo
e
sabendo que apesar de amaldiçoados
éramos
todos inocentes
Jorge
Wanderley