Quando numa rocha porosaCansado te encostaresE dela vires surgir a umidade e depois a gota,Pensa, amado meu, com carinho,Que aí esta a minha boca.Se teus olhos ficarem nas praiasE vires o mar ensalivando a areiaCom alegria pensa amado meuNum corpo felizPorque é só teu.Se descansares sob uma arvore frondosaE além da sombra ela te envolver de ar resinosoLembra-te com entorpecência amado meu,Da delicia do meu ventre amoroso.Quando olhares o céuE vires a andorinha tonta na amplidãoPensa amado meu que assim sou euPerdida na infindável solidão.A noite quando as trevas chegaremE vires do firmamentoUma estrela cair e se afundarÉ sinal amado meuQue o teu amor vai me abandonar.Na morte, quando perderes o último sentidoE a tua própria vozEm forma de pensamentoTe subir ao ouvidoDeixa escorrer a derradeira lagrima pelo teu rostoNascida do extremo alento do coraçãoE pensa então amado meuQue ainda é um suave carinho da minha mão!Adalgisa Nery