A pega do boi

A rês tresmalhada
ouviu na quebrada,
soar a toada,
de alguém que aboiou:
 
— Hô — hô — hô — hô — hô,
Vaá!
Meu boi Surubim!
Boi!
Boiato!
 
E, logo espantada,
sentindo a laçada,
no mato embocou...
 
Atrás, o vaqueiro,
montando o "Veleiro"
também mergulhou...
 
Os casco nas pedras
davam cada risco
que só o corisco
de noite no céu...
 
Saltaram valados,
subriam oiteiros,
pisaram faxeiros
e mandacarus...
 
Até que enfim...
No Jatobá
do Catolé,
bem junto a um pé
de oiticoró,
já do Exu
na direção...
 
— O rabo da bicha reteve na mão!
 
Poeiriço danado e dois vultos no chão)
.......................................
 
Mas, baixa a poeira,
a res mandingueira
por terra ficou...
 
E um grito de glória
no espaço vibrou:
 
— Hô — hô — hô — hô — hô,
Váá!
Meu boi Surubim!
Boi!
Boiato!


Publicado no livro Cana caiana (1939).
Ascenso Ferreira